sexta-feira, 20 de maio de 2011

Mais Apontamentos sobre a Agenda de Lisboa e sua Revisão

No relatório da revisão da Estratégia, ou Agenda de Lisboa, o relator fala na necessidade de um maior empenho político e de um mais alargado suporte por parte dos cidadãos Europeus e da necessidade do trabalho em conjunto. Mau indicador, desde já, num espaço que devia ser comum e num espaço prestes a alargar-se à vintena. No seu resumo fala-se de coesão social, sustentabilidade ambiental como forma de contribuir para um crescimento maior e para o emprego e necessidade do aumento da produtividade via uma conjunto de reformas e um quadro macroeconómico que suportasse o crescimento, a procura e o emprego. Isto requeria acção sobre 5 áreas de política: a sociedade do conhecimento, o mercado interno, o clima de negócios, o mercado laboral, a sustentabilidade ambiental.

A mais interessante é a que fala no clima de negócios: redução do fardo administrativo, melhoria da qualidade da legislação, facilitação da criação de empresas e (mais importante para mim) a criação de um ambiente amigo dos negócios. A Agenda de Lisboa parecia assim estar a ser indiciada para o bom caminho, independentemente de uma enorme confusão entre ambiente amigo dos negócios e desregulação, para além da recomendação da remoção das barreiras à competição. Um dos mais estranhas contradições da Europa é, entretanto, a aceitação (já mencionada por mim na anterior intervenção) por parte da Europa, do comércio com países terceiros em ambiente de dumping social (concorrência desleal) e os "estragos" importantes para alguma indústria Europeia (a não deslocalizada e produtora na China, Bric's e/ou países em desenvolvimento em geral) devido a um ambiente de comércio aberto mas não totalmente saudável (por restrições de vária ordem) do comércio mundial.

O que falhou entretanto? Em primeiro lugar a crise mundial, mas também a crise (na minha modesta óptica) das lideranças, das ideologias, do alargamento e da coesão, que não tiveram em conta as recomendações do relatório: a construção de um mercado do trabalho inclusivo para a construção de uma forte coesão social. Aliás, não faz sentido quando a aspiração dos povos mundiais em geral é a aspiração ao modelo social Europeu, querer desmontá-lo ou reduzi-lo na Europa (por parte de alguns ideólogos Europeus, como se a sustentabilidade não pudesse ser construída por outros meios, como a diminuição das desigualdades no seu seio) como forma de aumentar a competitividade com os outros espaços mundiais. Para finalizar, uma menção à má formatação da moeda única em ambiente de crise (de guerra monetária!) como ajuda "à festa" de um perigoso desequilíbrio no seio de uma Europa que só se justifica e sustenta na coesão.

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