quarta-feira, 11 de maio de 2011

Desenvolvimento de Recursos Humanos pela Liderança: do Passado ao Presente


Serve a presente postagem/intervenção para perceber o presente através do passado (e o presente em concreto do comportamento pela liderança), infelizmente algo que se perdeu como projecção do futuro (um povo que não conhece o seu passado nunca reconhecerá o que poderia ter sido o seu futuro*). 

Já Luís Vaz de Camões no século XVI dizia que «O fraco Rei faz fraca a forte gente». Referia-se ele nos Lusíadas a líderes fracos como D. Fernando, em tempos em que o estilo rude e agreste dos mesmos apelava ao estilo autocrático, tão longe do democrático e do situacional que definem hoje os estilos de liderança. A proficiência nesses tempos imaturos de construção de espaços de nacionalidades e soberanias baseava-se não no “conhecimento profundo do que se faz” como meio de reformar ao futuro (mas no conhecimento profundo da arte dos escudos e espadas como meio de sobreviver ao futuro) e muito menos mediante a formação constante que nos apela no nosso tempo, mas na herança genética que definia o estilo do líder. A liberdade de expressão hoje apanágio dos líderes respeitados era ainda uma fraca chancela de homens que se faziam respeitados por temidos. A gestão partilhada, que permite a liberdade de expressão, é ainda coisa das saudades deste nosso presente – futuro. E a motivação, como “lança” de sacrifício pelo líder, era construída numa percepção e respeito pelas diferentes necessidades dos seus seguidores (hoje colaboradores) eventualmente hoje difícil de entender e traduzir. Delegar responsabilidades e partilhá-las era tantas vezes feita à custa da própria vida do delegante e a sugestão e a acção pareciam estar sempre sob liberdade vigiada. A flexibilização como apanágio dos comportamentos do bom líder (ou do líder, se considerarmos o pobre inflexível como uma triste figura de “guerreiro” sem liderança de um qualquer dito “cavaleiro de triste figura”) era no passado uma espécie de herança paternal numa sociedade que feudalizava, até, o paternalismo. Favorecer a criatividade, não era ao tempo uma prioridade, a inovação e criatividade ficavam ao alcance de brisas marítimas e de barrigas vazias que velejavam para lá da linha do horizonte. Articular inovação e criatividade como comportamento do líder, não era apanágio de forte rei com o bispado ao lado. É verdade que o bom líder favorece o trabalho em equipa o “todos por um e um por todos” e também é verdade que para o forte rei a equipa estava para além da vista no espaço do reino onde reinavam os diferentes Ducados, seus vassalos. Até o Forte Rei precisava, como líder, de uma equipa integrada e comprometida com o seu reinado na terra. A comunicação feita de clareza, objectiva e estimuladora do ouvir e decidir mais que falar, mais do que de palavras, era no passado feita de símbolos e lealdades inquestionáveis. O feedback do líder Real era, na altura, feito mais de erradicação dos próprios súbditos por erros e deslealdades do que por eliminação dos erros e reforço dos sucessos. Os sucessos pagavam-se com terras e nobrezas.

Nota: neste tempo de balanço e de apresentação à facturação da irresponsabilidade nacional, o que seria de nós se nos tivéssemos devoradamente debruçado sobre os nossos tempos passados de default? Teríamos hoje, de certeza, mais esperança no futuro!

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