quarta-feira, 11 de maio de 2011

Gestão do Conhecimento e Trabalhadores do Conhecimento

Sobre o KM há uma afirmação de Bergeron que devia ser devida e recorrentemente difundida por quem pensa as empresas como subsidiárias e rígidas na sua capacidade de criar riqueza: "As corporações foram criadas no século XVII como entidades legais orientadas ou desenhadas para gerar capital minimizando o risco para os seus proprietários e operadores" (Bergeron: 39).

Nem a talhe de foice, no tempo e espaço presente, já que em Portugal ainda há muitos que não entenderam a necessidade de separar proprietários e operadores das empresas, arriscando empresas e não vidas. Tendo o labor (trabalho) evoluído da simples consideração de trabalho indiferenciado e sido elevado à consideração de capital humano como se o primeiro, o capital, fosse verdadeiramente o "único" factor, a locomotiva do desenvolvimento económico e social, a sequente necessidade da diferenciação e da massificação postas no domínio do concorrencial criou uma potencial panóplia de responsáveis do conhecimento. Desde o designado CKO (Chief Knowledge Officer) ao gestor responsável pela promoção, comunicação e implementação de práticas de KM na empresa, ao analista de conhecimento (o disseminador das melhores práticas na organização), ao engenheiro do conhecimento (os interfaces entre funcionários e as TI's), ao gestor do conhecimento e ao funcionário do conhecimento.

Não se pode, assim, falar em Gestão do Conhecimento sem se falar nos Trabalhadores do Conhecimento, realidade que parece ainda passar despercebida a muitos responsáveis sindicais (que teimam em não querer reconhecer a quase radical mudança operada na sociedade e no tipo de trabalho, dificilmente catalogado e muito menos massificado ou dependente de actos ergonómicos repetitivos), com os trabalhadores dos sectores dos serviços (tradicionalmente sectores mais propensos ao trabalho do conhecimento) a esmagarem mais e mais o quantitativo dos sectores primário e secundário. Não é fácil, também, a catalogação das diferentes actividades em KM ou outras, dado a disseminação do capital intelectual ou a necessidade de algum capital intelectual para os trabalhos em geral. Abre-se, assim, uma porta para, na distinção, parecer ser o grau o diferenciador daquilo que é considerado do reino do trabalho do conhecimento, do que é do reino do trabalho manual repetitivo e indiferenciado - com recurso a pouco ou nenhum capital conhecimento. É curioso, no entanto, como a consciência para a necessidade de maximização em todos os níveis das organizações faz hoje dos antigos amanuenses, assistentes operacionais e por aí fora em muitas outras actividades (que se sofisticaram pela "inserção" de conhecimento) e como a necessidade nas organizações se diferenciarem pela qualidade e serviço prestado exigiu uma cada vez maior panóplia de formação soft e hard - a níveis tradicionalmente considerados de importância menos significativa para as empresas.

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