quarta-feira, 4 de maio de 2011

Distritos Industriais Marshallianos

É sabido que a estratégia de atenuação de assimetrias no Mezzogiorno através de pólos de crescimento de base industrial falhou, contrariamente à terceira Itália, "nova" e forte realidade territorial. As características desta Itália foram, serão ainda?, a forte presença de PME com o seu perfil de especialização industrial naquilo que compara muito com os distritos industriais Marshallianos, bem como a co - presença activa de uma comunidade de pessoas e de uma população de empresas industriais, de Pequena escala empresarial, de fases de fileira, de reduzidas barreiras de entrada, de dinamização dos serviços de apoio à produção. Mas também a Divisão do trabalho à escala local, as Empresas como parte integrante do território, integradas horizontalmente, as vastas redes de subcontratação actuando numa dada fase do processo produtivo, a história industrial, a cultura produtiva local, a quota apreciável de produção ou exportações do sector da especialização, o enraizamento na matriz sócio cultural local, a base de gestação e sustentação de economias de aglomeração com vantagens empresariais.

A vantagem desta "Nova" Itália em contraste com a Itália Industrial do Norte foi, ou é, a não indução por fenómenos de polarização, por empresas de grande porte, sendo que o que sustenta e estrutura os sistemas são as suas múltiplas interdependências. Economias externas de aglomeração, de capacidade colectiva para uma actividade específica, de acrescido poder de controlo dos mercados finais. Assim a especialização flexível, as relações directas entre agentes Económicos, cimento sustentador da dinâmica empresarial, o funcionamento sobre uma lógica territorial e não hierárquica. Last, but not the least, as Economias de especialização, os trabalho saber fazer específicos, a informação e comunicação. Uma economia local, assim, torna-se um distrito industrial, efeito centrípeto e aglutinador da pequena e média função empresarial.

Tal como esta Itália também os Portugueses eram aparentemente senhores de uma espécie de Mezzogiorno Euro - Atlântico Português. Entalado entre a liberalização operada pela Organização Mundial do Comércio e a periferização de uma Europa polarizada ao Centro, algumas indústrias desses verdadeiros distritos industriais do têxtil, do vidro, dos moldes, do calçado, parecem agora - depois do terrível impacto da abertura a Oriente e a Leste - renascer e dar cartas num mundo glocal: o sector do calçado parece uma Fénix renascida!

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