sexta-feira, 6 de maio de 2011

Moldar o Futuro pela Tecnologia

Um dos aspectos que nos caracteriza é não sermos meros observadores do futuro, mas actores dele e actores que devem “actuar” como reconhecidos a um sentimento de pertença à mãe natureza. Comer, estreitar relações afectuosas com o próximo, criar desafios agradáveis e motivadores, libertarmo-nos da dor da vida, do medo e do ódio são sentimentos básicos do estar e do porvir a que toda a humanidade aspira. A tecnologia como encontro entre a ciência e a engenharia é uma espécie de braço mecânico, cuja avaliação deve assim decorrer do facto da sua capacidade para nos ajudar a perseguir os objectivos anteriormente descritos.

Herbert A. Simon lembra-nos num seu manuscrito (Simon, 2000) apresentado no Departamento de Ciência Computacional da Universidade de Carnegie Mellon que a tecnologia sofre de problema dual, onde se inscreve o mito de Prometeu e o de Pandora, e que a abertura à tecnologia abre-nos (de forma menos mitológica e mais cristã) a porta do céu podendo entreabrir a do inferno (quem não se lembra das portas tecnológicas abertas por Nobel ou Einstein).  Sendo a tecnologia na base, conhecimento, o dever da tecnologia (e dos cientistas ou tecnólogos) é o uso benéfico do conhecimento e não a abertura para os calores do inferno. A criação, transmissão ou processamento da informação deve, assim, ser um modo de auto percepção e de solucionamento de problemas humanos, capacidade de governo da nossa própria conduta e da relação ente nós. O poder da tecnologia computacional é vista por Simon, nos já idos de 2000, como processamento de padrões e símbolos, como modelador da mente humana e como relacionador interactivo das colectividades humanas de pensamento – sempre perseguindo, como valor, um plano possível de sustentabilidade futura.

Diz com graça Simon (Simon, 2000, p. 604) que os vilões mais perigosos são raramente as forças da natureza ou a tecnologia sob a forma de mecanismos computacionais, mas mais recorrentemente as forças que assumem uma forma humana. A conclusão de Simon é o abraço à tecnologia, à tecnologia sob a forma do complexo da Web, onde ele vê inteligência e aprendizagem, interacção social e ambiental, uso claro de linguagem e aproximação. Crítico (com inteira razão) do desenvolvimento do lado Pandora da tecnologia televisiva, o chamado rápido desenvolvimento do “espectatorismo” (a que eu chamaria dos actores de bancada, infelizmente mais de balcão do que de plateia) e do espectro parasitário de elites sociais (de antigo regime e porque não, de velhas tecnologias), vê a nossa salvação no lago Prometeu da Tecnologia: encontrar um estado sustentável para o nosso planeta Terra e fazer valer os seus critérios: justiça na alocação de recursos sustentáveis, desarmamento da viciosa competição do “nós” e do “eles”. A crítica ao “espectatorismo” (de um estupor embasbacado, utilizando uma expressão Brasileira) é talvez um dos elementos mais interessantes pela conexão que faz com a abertura propiciada por uma tecnologia que nos transforma em espectadores, deste mundo, mais intervenientes, ousados e criativos.

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