quinta-feira, 2 de junho de 2011

A Alemanha, a Globalização e a União Europeia

Um dos aspectos que muitos colocam hoje na agenda imediata é o desinteresse aparente da Alemanha no processo Europeu, dado ter galopado de forma positiva o processo da globalização. Há quem pense que, agora que a Alemanha enche contentores com Mercedes e BMW's para as dezenas ou centenas de milhar de novas fortunas a Oriente, ou através de indicadores como o da construção da nova fábrica da BMW no Brasil e outras, ou mesmo através da venda dos Airbus, ou da sua vocação histórica para a construção de máquinas ferramentas, a Alemanha desinteressou-se da Europa da periferia.

Em globalização, cidadania e identidades um dos nossos autores preferidos foi Boaventura Sousa Santos. BSS é um dos defensores da contraglobalização, de um movimento que pensa a globalização como não inevitabilidade (pelo menos nos seus aspectos mais negativos). BSS fala muito de globalismos localizados e de localismos globalizados e do receio pela perda da multiculturalidade, globalismos que implicitamente contém em si o germe do empobrecimento das periferias - por via da canibalização dos localismos pelos globalismos. Há correntes também da sociologia moderna que pensam a globalização como movimentos do capitalismo para as margens... das margens. Para essas correntes o capitalismo Alemão teria se globalizado à procura de melhores margens de lucro, margens já perdidas aquando da maturação do processo Europeu.

Há, no entanto, um senão no argumento do desinteresse da Alemanha nas periferias e na UE. É que, apesar da globalização que põe em causa o denominado modelo Europeu, o comércio da Alemanha com os países da União ainda representa 60% das suas exportações. Não seria assim do interesse da Alemanha afastar-se da Europa que lhe consome os produtos, o mesmo não podendo já nós dizer do seu interesse por um Euro fraco, dissemelhante da sua moeda do coração (o marco), que enfraquece a Sul e na periferia?

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