sexta-feira, 3 de junho de 2011

O Modelo Europeu e a Globalização

O recurso "The impact of Globalisation in Europe" faz ressaltar uma evidência real: a globalização não deve ser um papão para alguns, espécie de rastilho e detonador da implosão de um modelo que "governa" a Europa há já muito tempo. A Globalização é o que é, um processo irreversível, no fundo o alargamento e a assumpção (em termos económicos) do tal espaço económico livre mundial com que brindava Pareto nos seus melhores sonhos. Do recurso que fiz referência ressaltam as palavras mobilidade, competição, movimento (bens, factores de produção, tecnologias, valores e ideias). Ressalta também uma mais eficiente alocação dos recursos, a flexibilidade da mão-de-obra, o maior nível de inovação, baixos preços, médio prazo, curto prazo, custos sociais, alto desemprego, desigualdade e a frase mais lapidar: «a chave é como aproveitar os benefícios da globalização enquanto se mitigam os custos».

Ou seja, há aqui consequências de curto e médio prazo, movimentos desequilibradores e reformuladores do status actual. É fácil de ver, assim, que a Globalização trás custos e benefícios, repartidos por povos e espaços, custos e benefícios diluídos, no entanto, nos prazos. E uma enorme alteração da relação de bem-estar entre espaços geográficos, mais até que entre povos, dado a miscigenação propiciada pela ainda tímida (porque ferozmente regulada nalguns espaços) mas crescente migração dos povos. A questão que se coloca, da Globalização e a Europa, é a questão da acomodação do ritmo da mudança da (s) Europa (s) face já não tanto ao fenómeno Global (a universalidade e inevitabilidade desta nuvem, já devia ter feito perceber que o actual fenómeno é cada vez mais o localismo puro e duro e não o globalismo) mas à mudança local. O elemento flexibilização já há muito devia ter sido uma preocupação de todos os Estados da UE.

Ligado à globalização há, no entanto, outros problemas que não podem ser escamoteados e que são do domínio do Global: a sustentabilidade do modelo de consumo, que não pode obviamente imitar o modelo Europeu de abastança e de desperdício, sob pena de ser a própria sustentabilidade planetária que está em causa. Nessa medida, o próprio modelo Europeu (ou pelo menos de alguns países Europeus) terá de ser avaliado, não podendo ser clonado. É curioso, que são os países que mais se têm preocupado com questões de sustentabilidade ambiental e de consumo (caso dos países Nórdicos), que demonstram maior resiliência aos custos da globalização, mesmo se foram obrigados a "shrinkar e adaptar os seus modelos de protecção social": e isso chama-se adaptabilidade e flexibilidade rápida à alteração propiciada pela Globalização.

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